Matabixo 

VEJA NESSE SITE :  LIVROS, CRÔNICAS,  FOTOS E VIDEOS SOBRE AVIAÇÃO 

                                    Uma metáfora do aviador sonhador

Quando os sonhos de um aviador se entrelaçam com a realidade, ele encontra seu refúgio nos céus, onde os anjos são como delicados aviõezinhos que o acompanha em suas aventuras. Cada batida de asa representa um giro da hélice, como sendo um sinal de proteção e garantia de estar voando seguro.

O céu se torna seu lar, um vasto horizonte sem limites, onde a liberdade se manifesta em cada nuvem que cruza seu caminho. Seu coração pulsa em sintonia com o barulho dos motores, a sincronia de ambos, entrelaçam suas vidas, lembrando-o de que seu destino é voar cada vez mais alto e mais longe.

O horizonte é a sua bússola que norteia a trajetória, apontando sempre para novos desafios e conquistas. Cada nascer do sol é um convite para explorar lugares desconhecidos, para desbravar novas fronteiras e descobrir segredos guardados nas entrelinhas de cada história a ser escrita.

Sua estrada é como uma interminável aerovia, onde o tempo e o espaço se fundem em uma dança infinita. Os obstáculos se transformam em oportunidades de crescimento e aprendizado, a cada final de uma etapa não para, segue em frente à procura de novos limites.

Em uma jornada longa e desafiadora, o aeroporto se apresenta como uma parada rápida, um refúgio temporário para recarregar as energias e planejar os próximos voos. Ali, o aviador encontra a serenidade necessária para prosseguir, sabendo que o céu sempre será seu lar e os anjos seus companheiros. Sabendo que sempre terá o horizonte como sua eterna bússola.

 05/03/2024


Aviação Agrícola  na Banana fotos e videos

Uma apresentação de incentivo para as BOAS PRÁTICAS NA AVIAÇÃO AGRÍCOLA,  para  alunos dos cursos de piloto agrícola.

Apresentação para o curso de Agrícola (1)

XX CAVAG Curso de piloto agrícola realizado na fazenda Ipanema em 1984.

No mês de novembro desse ano de 2024, nossa turma do curso de piloto agrícola completará  40 anos. Todos estão de parabéns, alguns poucos já partiram, mas o que conforta a todos,  é que  nenhum  piloto do grupo durante esse tempo, sofreu acidente grave ou fatal, sinal que somo bons profissionais.

Fabrica de armas brancas do século XVI da Fazenda Ipanama

Em um aeródromo no meio de um bananal, um Ipanema 202A carregado com quinhentos litros de produto, está pronto para a decolagem.

Os detalhes de uma pista de pouso, de quinhentos metros de comprimento, no meio da Lavoura de Banana, no Vale do Ribeira

Bucker do Bertelle em Sorocaba em novembro de 1980

https://www.pdias.com.br/aviacao/livro-aventuras-de-um-matabixo/

Livros imperdíveis

 

Bem-vindo ao mundo fascinante da aviação agrícola, um setor que desempenha um papel fundamental na produção de alimentos em todo o mundo. Nestes livros, exploraremos a história, a tecnologia e os desafios enfrentados pelo piloto e operador de aeronaves agrícolas. Desde os primeiros dias nos aviões adaptados para pulverização de cultivos, até os modernos sistemas e equipamentos agrícolas. Descobriremos como a aviação tem revolucionado e contribuído para o aumento da produtividade e sustentabilidade. Prepare-se para mergulhar em um universo de inovação, precisão e dedicação, onde o avião é uma importante ferramenta e indispensável para a agricultura.

"Voar baixo pelos campos, passando muito perto de tudo, com a adrenalina correndo nas veias, é uma experiência única. Nestes livros, mergulhe no mundo da aviação agrícola através das aventuras contadas pelo próprio piloto. Prepare-se para se maravilhar com histórias emocionantes de voos rasantes, desafios durante os trabalhos nas fazendas. Acompanhe-nos nessa jornada pelos céus e descubra o fascinante universo da aviação agrícola, onde coragem e habilidade se unem, para desempenhar uma função vital na agricultura."

          Ao longo dos anos, muitos pilotos se aventuraram nesse campo, enfrentando condições climáticas adversas, terrenos acidentados e uma infinidade de obstáculos. Mas poucos têm a experiência e a vivência do autor destes livros, que passou quase quatro décadas voando como piloto agrícola e conhecendo de perto as particularidades desse universo. Em suas páginas, ele compartilha histórias divertidas, curiosidades e informações valiosas, que certamente irão encantar e inspirar todos os que se interessam por aviação e pelo mundo rural. Seja você um piloto experiente, um estudante de aviação ou simplesmente um curioso, este livro é uma leitura imperdível!


Em breve mais um lançamento. É um livro de 320 paginas com muitas fotos aéreas interessantes, que apenas quem voa baixo consegue tirar, muitas histórias enpolgantes, alguns aventuras de tirar o fôlego e muitos "causos" engraçados..

Um pequeno Resumo

 

Com uma narrativa cheia de emoção, "Do Paraná ao Mato Grosso" é um livro que cativa o leitor, levando-o para dentro da cabine do avião e compartilhando as emoções e desafios enfrentados pelo autor. É uma leitura inspiradora e emocionante, que mostra como a determinação e a calma podem fazer a diferença em situações adversas.

 Com leveza, o autor compartilha suas experiências e a importância de um bom treinamento de voo para superar os desafios. Ao longo do livro, também faz reflexões sobre a vida e a importância de aprender com as experiências vividas. Ele destaca que a persistência diante das dificuldades é fundamental e que sempre devemos buscar aprimorar nossas habilidades.

O livro narra as aventuras do autor como piloto agrícola, pulverizando lavouras de soja e trigo nos estados do Paraná e Mato Grosso. Ele descreve alguns acontecimentos interessantes, tanto em voo quanto em terra. Os longos traslados, enfrentando situações difíceis e tomando decisões cruciais para garantir sua segurança. Foram vários anos transitando entre os dois estados, voando seguindo as estradas, para não se perder, pois os mapas e as bussolas nos aviões, não eram confiáveis.

Enquanto olhava a chuva lá fora, através da janela do quarto de um hotel em Assis Chateaubriand no Paraná, vieram as lembranças de alguns anos antes, que havia voado naquela mesma região. Aquele clima o fez recordar dos vários eventos que ocorreram na ocasião: do frio Paranaense durante a safra do trigo, que dificultava o motor do avião funcionar, dos diversos pousos difíceis no aeroporto de Palotina, em épocas diferentes, com o avião avariado, de um mecânico irritante, mas que com o tempo aprendeu que gentileza, gera gentileza.  

No Mato Grosso voou em fazendas, onde as onças rondavam o avião nas madrugadas, enquanto ele dormia na cabine. Encontrou amigos que ele nem sabia que existiam. Quase atropelou um veado campeiro, mas para evitar uma tragédia, sacrificou a ponta da asa do avião.

Andou de carro quase mil quilômetros em um dia, à procura de um escapamento perdido do motor do avião, vindo encontrar a menos de cinquenta quilômetros de onde estava. Conta como conseguiu sair de todas as situações difíceis.


APÓS QUASE QUATRO DÉCADAS,  PASSADAS DENTRO DA CABINE DE UM AVIÃO AGRÍCOLA, DEPOIS DE TER REGISTRADO, SEU TRABALHO COM MUITAS IMAGENS DE FOTOS E VIDEOS. O PILOTO RESOLVEU CONTAR E REGISTRAR SUAS EXPERIENCIAS EM LIVROS, ESCREVEN-DO DE MANEIRA SIMPLES, EM LINGUAGEM COLOQUIAL, MUITAS DAS SUAS AVENTURAS E "CAUSOS"  VIVENCI-ADOS NOS LUGARES QUE PASSOU,  INIMAGINÁVEIS  PARA MUITOS.

A participação programa de entrevista do Hamilton Moto Aventura, tornou-se em um bate-papo delicioso. Os asuntos foram dos mais variados, desde a fase inicial no Aeroclube, o começo na aviação e  como tornar-se um piloto. Até os detalhes da profissão de PILOTO AGRÍCOLA,  os desafios enfrentados durante essa trajetória, voos em áreas de banana e muito mais.

VIDEOS  DAS  DECOLAGENS  DE PISTAS CURTAS, NO MEIO DOS BANANAIS

LIVROS 

São três os livros, AVENTURAS DE UM MATA BIXO,  tem 356 páginas, onde piloto descreve alguns desses voos e os acontecimentos nos bastisdores,  de uma forma  agradável e pitoresca,  O TEMPO E O PASTO com  95 páginas com fotos coloridas e VOANDO NO ALGODÃO, com 95 páginas também com fotos coloridas,   estes dois últimos, são livros cuja as histórias, são contadas com  narrativas simples.

E NÃO PARA POR AÍ ! Tem mais histórias sendo preparadas, com outras aventuras interessantes, que em breve serão lançadas.


LANÇAMENTO DOS LIVROS

 

O livro “AVENTURAS DE UM MATABIXO” foi lançado  no Aeroclube de Sorocaba no dia 17 de dezembro de 2022, com muito sucesso.

Matabixo ou mata-bicho, é o apelido dado ao piloto agrícola. O título já dá uma ideia do que se trata. Nesse livro além de um pequeno resumo autobiográfico, contém a história do autor no início da aviação, nos tempos de aeroclube. As aventuras, algumas vividas, outras ficções baseadas em fatos reais, durante os períodos das safras, contadas de forma pitorescas. As longas temporadas passadas, em regiões isoladas. As peculiaridades dos voos rasantes diários, em cima das lavouras e tudo que envolvia aquele trabalho.

O autor escreveu mais dois livros, que também estão disponíveis no site do Amazon, em e-book e em forma física.

 O TEMPO E O PASTO

São duas histórias de ficções baseadas em fatos, que aconteceram em épocas diferentes. Levam o leitor, vivenciar o voo, junto com o piloto.

Durante um dia normal de trabalho, as coisas se complicaram e o piloto, precisou tomar decisões rápidas e fazer algumas manobras precisas, usando toda sua habilidade, para que tudo saísse bem. Em meio a tudo isso, coisas surpreendentes, acontecerem nesses dois voos, os detalhes e as peculiaridades, tornaram os acontecimentos interessantes.

 

 “VOANDO NO ALGODÃO

É uma história de ficção baseado em fatos reais. Aconteceu em um período de safra de algodão em 1997, na região de Ituverava SP.  É uma descrição pitoresca, na rotina dos pilotos e seus auxiliares, nos voos de pulverização, nas lavouras e também quando de folga. Na antiga e misteriosa casa de colono, em que eles estavam alojados, no meio fazenda, coisas estranhas aconteceram.

O propósito desses livros


É promover A AVIAÇÃO EM GERAL , COM ENFASE NA AVIAÇÃO AGRÍCOLA.  Através das lições tiradas das histórias contadas, ajudar melhorar a segurança e concientizar os novos pilotos, para que os voos tornem-se cada vez mais seguros. 

Mostrar também que os AEROCLUBES  como escola de aviação, cumprem com muito êxito, seu papel na formação de pilotos capacitados. 

Para todos conhecerem, um pouco sobre a rotina da vida de um piloto, desde o início de sua formação, até tornar-se um profissional. 

Como piloto agrícola: mostrar como é passar muito tempo voando, a baixa altura. A adrenalina, os perigos, os sufocos e as panes. E também as compensações, as alegrias, as conquistas e com o passar do tempo, o desenvolvimento profissional e humanao

Para os pilotos experientes, se identificarem, com as histórias e os acontecimentos parecidos, pelos quais também passaram. 

E para os mais novos, saberem o que os esperam, nesse início de jornada. Enfim para todos os amantes da aviação, divertirem-se com os causos sobre avião.

Nesses contos, algumas histórias são reais e outras foram criadas baseadas em fatos. Elas se repetem o tempo todo, pelo mundo afora.


      EM BREVE SERÁ LANÇADO O QUARTO LIVRO 

   DO PARANÁ AO MATO GROSSO

 No voo rasante

VIDEOS DOS VOOS NOS MORROS DE BANANA

Crônicas

               Um passageiro já no outro mundo


       Depois de ter voado alguns anos no aeroclube de Sorocaba muitas horas como instrutor, em vários tipos de aviões monomotores, dos famosos Paulistinhas, passando pelos Citábrias, Aerobueros, Tupis e o robusto Carioca e chegando na era dos bimotores, sendo um deles o Seneca II, e em paralelo a tudo isso, durante as safras de verão, voava os aviões agrícolas nas fazendas de soja no Matogrosso.

        Nos meses finais do ano de 1990 em meio a toda essa movimentação, como ainda sobrava tempo para fazer mais alguma coisa, aceitei a indicação de um amigo para voar um bimotor de uma empresa de Sorocaba, não seriam muitos voos por mês, e no final do ano teria disponibilidade para voar agrícola durante a safra de verão, e assim com mais essa incumbência eu quase não parava no chão, chegava voar em torno mil horas por ano.

       Havia  sido contratado para voar o Navajo da empresa, mas até então só havia voado bimotores leves, menores de 6 lugares, e aquele avião era bem mais pesado, em torno de 3 mil quilogramas, na versão executiva o Navajo levava  oito pessoas, seis passageiros e dois tripulantes, com dois motores lycoming de 350 hp cada um, voava a uma velocidade de 350Km/h com uma autonomia baixa, 3:30horas sem o uso  dos tanques de reserva, com os quais aumentava 50 minutos o tempo de voo, mas assim ficava muito restrito para decolar com todos os assentos ocupados, fora esse detalhe, era um avião bem confortável para voar, tanto para os pilotos como para os passageiros, estável e não muito barulhento.

       Eu precisaria fazer um bom treinamento antes de começar operar aquela máquina, combinei com o patrão que faria alguns voos de treinamentos com pilotos experientes naquele modelo de avião, antes de começar voar a trabalho.

       Depois de vários voos e muitos pousos e treinamentos de emergências, eu já estava quase pronto para assumir totalmente o comando, o patrão aqui ou ali mandava ir com o avião para algum lugar buscar ou levar coisas, certa vez um amigo lhe pediu uma favor, queria o avião emprestado com a tripulação, para levar uma encomenda especial para a cidade de Porto Murtinho no Matogrosso do Sul.

      As seis da manhã em ponto, com o avião no pátio abastecido e pronto para voar, nós estávamos aguardando os quatro passageiros chegarem, avisaram que um deles estava em condições especiais, e precisaria de nossa ajuda para embarcar.

       Pouco tempo depois chegaram os passageiros, uma mulher com um lenço na mão e choramingava sem parar, e dois homens sérios com a cara fechada, mal cumprimentaram e disseram que teríamos que aguardar a pessoa que faltava, ficamos aguardando com o avião pronto, em alguns minutos chegou o carro com o aguardado passageiro, não era um carro tradicional e nem tão pouco o passageiro veio de forma tradicional, ele veio deitado dentro de um caixão, o carro era de uma funerária, neste momento a mulher começou chorar copiosamente debruçando no caixão, dizendo que não iria suportar viver sem ele, enquanto os homens retiravam-no do carro e com muito custo foi colocado no avião .

       Alguns bancos do avião foram retirados, para acomodar o passageiro em seu seu esquife, todos foram se acomodando, a mulher já um pouco mais contida sentou-se em um dos lugares, soubemos que o falecido era seu marido e primo dos outros dois, disseram que ele era uma pessoa saudável e morreu inesperadamente, a família toda de Porto Murtinho aguardava a chegada para fazer o velório.

     Decolamos de Sorocaba na proa do destino o tempo estimado de voo seria de 3 horas, mas planejamos fazer um pouso técnico em Londrina para abastecermos, seria um pouco mais de uma hora de voo até Londrina, se no destino ou nas proximidades tivesse combustível não teríamos que nos preocupar em parar no meio do caminho para abastecer.

    Depois de aproximadamente meia hora de voo, os passageiros já estavam com mais calmos, conversavam entre si, o avião estava estável voando com o piloto automático parecia estar parado ou apenas flutuando, o ar lá fora estava calmo sem turbulência, o céu sem nuvem e um vento fraco de cauda nos ajudava a ir mais rápido, eu saí do meu lugar e fui lá atrás oferecer água e alguma bebida para os passageiros e ver se precisavam de alguma coisa, na cabine do avião olhando para os comandos ficou o outro piloto o qual eu convidei para me acompanhar naquele voo.

        O comandante Singhi, um piloto experiente já havia voado muitas horas naquele tipo de equipamento, quando comecei treinar para voar naquele avião, ele se propôs me dar todo o treinamento, foi um ótimo instrutor. O patrão o conhecia muito bem e não fez objeção quanto ao treinamento e o convite para ir comigo naquele voo.

      Como ele tinha mais experiência do que eu para lidar com situações como aquela, foi a vez dele ir lá para atrás conversar com todos e oferecer um certo conforto, foi e voltou rápido, alguns minutos depois deu sinal para eu olhar para trás para os passageiros, um deles estava começando brincar timidamente com algumas cartas de baralho, que o comandante havia achada em uma das gavetas no console do avião e oferecido para eles.

     Chegamos em Londrina no tempo estimado, os passageiros não quiseram descer ficaram conversando, eu o Singhi descemos para cuidar do abastecimento e esticar um pouco as pernas, em alguns minutos o avião já estava abastecido, sem demora decolamos, após o início da subida aproamos para o nosso destino. Algum tempo depois o avião já estava nivelado na altitude de cruzeiro com o piloto automático ligado, nós dois ficamos conversando sobre amenidades monitorando os instrumentos do painel enquanto isso o tempo foi passando, em torno de meia hora após a decolagem nós olhamos para trás e vimos os passageiros um pouco mais animados timidamente jogando baralho, usando um cantinho do caixão como mesa para pôr as cartas.

     O avião continuava no seu voo tranquilo deslizava suavemente no ar, algum tempo depois já estávamos na metade da última etapa do voo, Eu e outro Piloto conversávamos tranquilamente apesar do tipo de voo que estávamos realizando, como ele já tinha passado por aquela situação mais de uma vez, estava bem mais à vontade na conversa, lá pelas tantas fomos surpreendidos por um grito alto lá atrás, o meu coração veio parar na boca, nós dois olhamos assustados para trás e ao mesmo tempo ouvimos o segundo grito, Seis! Seis! Ladrão!! em seguida um soco na tampa do caixão, dado pela irmã do falecido, aquela rodada do truco ela ganhou.

       Depois de passado o susto, voltamos para nossa posição de observadores de instrumentos, de vez em quando um olhava para o outro com um sorriso no rosto sem comentar nada enquanto o jogo de truco comia solto lá atrás em cima do caixão.

   No tempo estimado de voo chegamos no ponto de início da descida e avisamos aos passageiros, para se prepararem para o pouso em 10 min aproximadamente, eles entregaram as cartas de baralho para a mulher que guardou na caixinha e colocou na gaveta no console e em seguida acomodou-se na poltrona do avião e começou aos soluços chorar novamente.

       Fiz um sobrevoo sobre a pista, e um circuito de tráfego padrão, iniciei uma aproximação um pouco afastada, é um procedimento padrão para um piloto que ainda não tem muita experiência no equipamento, o meu instrutor gostou e após um pouso suave, elogiou toda a operação e a partir dali me liberou para voar o avião no comando.

        Os familiares do falecido eram numerosos, assim que paramos o avião no pátio e cortamos o motor, eles vieram para ajudar tirar o caixão de dentro do avião, a mulher que estava no voo teve que ser amparada e foi levada carregada para um carro próximo.

 


 

 

     

 

 

 

 

 


Mais uma que aconteceu no Aeroclube de Sorocaba

 

O PASSAGEIRO SECRETO

 

      Esta história aconteceu no pátio do Aeroclube nos anos noventa, naquela época aconteciam muitos voos de todo tipo com vários modelos diferentes de aviões, a maioria deles saiam do pátio do aeroclube que era o principal ponto de chegada e partida das aeronaves que vinham e partiam de Sorocaba, desde a fundação do aeroporto o Aeroclube sempre foi a principal referência para os aviões que chegavam por ali.

          Eu não presenciei esse fato, apenas vou narrar como me contaram, mas garantiram que a história aconteceu de fato. Aos finais de semana o movimento de pilotos e alunos eram intensos no Aeroclube, o pátio ficava repleto de aeronave, tanto dos aviões do aeroclube como de aviões particulares que estacionavam, ao lado da bomba de combustível, para abastecer, ou em qualquer lugar para pernoite e ainda aqueles que por algum tempo paravam por ali, porque estavam apenas de passagem.

       Como em alguns finais de semana eram realizados muitos saltos de paraquedas de uma escola que  existia em um hangar próximo, muitas vezes eles utilizavam o pátio do aeroclube para embarcar os paraquedistas, nas aeronaves próprias para esse fim. Em um sábado qualquer, o movimento estava muito grande, tanto de alunos  subindo e descendo dos aviões do Aeroclube, como os paraquedistas que se preparavam no pátio e embarcavam em um Cessna 180 que estacionava ali pelo meio.

          Naquela manhã aquele Cessna já havia feito muitas decolagens  levando paraquedistas, subindo até quatro ou cinco mil pés, soltando os corajosos e destemidos aventureiros, um a um ou aos punhados, e em seguida despencando morro abaixo, pousando rapidamente para pegar uma nova carga humana, tinha que aproveitar o tempo bom e fazer o máximo de decolagens possível, e assim foi toda a manhã, aviões voando tomando cuidado com os para quedistas e alguns dos paraquedistas descendo fora do alvo, aqui e ali via-se um paraquedas aberto, mostrando suas cores, enroscado em um pé de eucalipto próximo da pista.

       Depois de uma breve pausa para o almoço, novamente foi reiniciado o show, os homens subiam com toda a tralha no Cessna, ele taxiava rapidamente até a cabeceira, acelerava todo o motor e saia em disparada, levantava a cauda e em segundos já está voando, com o nariz para cima em subida máxima, para atingir logo o ponto de salto, e assim em instante já estava no solo, e novamente em minutos correndo na pista para decolar.

       Depois de  três ou quatro voos, o piloto parou o avião mais próximo ao hangar do aeroclube e contou que estava tendo um problema nos comandos dos pedais do avião, disse que ora os pedais endurecem, ora se deslocam sozinhos sem sua interferência, isso  em voo, principalmente quando fazia o voo de descida. Nessas descidas as vezes entrava um mergulho, por pouco tempo para perder altura rapidamente e chegar logo na pista. Chamaram os mecânicos de plantão, para tentar solucionar o problema, depois de verificarem externamente, resolveram tirar uma tampa existente dentro do avião nos fundos da cabine, ali seria uma janela de inspeção que dava acesso  para o cone da cauda do avião, onde passavam todos os cabos de comandos.

          Após a retirada da tal tampa qual não foi a surpresa de todos, lá nos fundos sentado dentro do cone da cauda, sobre alguns cabos de comando, estava um moleque muito assustado, de aproximadamente dez ou doze anos, com os olhos esbugalhados, pálido todo molhado ainda meio zonzo, quando tiraram de lá,  ele estava com as pernas bambas, mal conseguia parar em pé. Depois que melhorou um pouco, disse que queria apenas fazer um voo para ver como era, mas ali dentro não conseguiu ver nada. Depois que se recuperou  do susto, o levaram para fazer um voo, da maneira correta, sentado em um banco, vendo a paisagem. Eu imagino que ele nunca mais quis voar clandestinamente.

 

 

 

Xico pereira

10/01/2022


AMIGOS DO AEROCLUBE DE SOROCABA

Uma homenagem à um amigo

 

Asas gêmeas

 

Era uma vez dois amigos...

 

Desde sempre tive muitos amigos, mas poucos foram aqueles, que os espíritos ficaram tão ligados, que nos tornaram irmãos.

Comecei frequentar o Aeroclube de Sorocaba em 1979, quando iniciei o curso de Piloto Privado, nessa época já era pedreiro (dos bãos). Contrataram-me para fazer uma série de reformas no prédio e repartições do Clube, muitos dos frequentadores, pilotos e sócios, vendo meu trabalho contratavam meus serviços para suas casas.

Um deles foi o Nardo que contratou o recém chegado pedreiro do Aeroclube, para reformar sua casa em um bairro em Sorocaba. Um relacionamento que inicialmente seria, apenas comercial para uma simples reforma de casa, tornar-se-ia em uma amizade por quase quatro décadas, mas que transcende o tempo, porque acredito que amigos vivem para sempre, apenas de vez enquando, se distanciam fisicamente, como é normal a qualquer tempo.

Ele era um sujeito simples, ligado a família, muito inteligente, de aparência tranquila, riso contido, mas sincero. Um amigo presente, sempre prestativo. Mecânico de carro, piloto de avião, um ótimo profissional em ambas as áreas e muitos outros atributos, que uma pessoa do bem possa ter.

Desde então nós dois frequentávamos assiduamente o Aeroclube, normalmente aos finais de semana, durante a semana o Nardo trabalhava em sua oficina de carro ou fazia alguns voos e eu como pedreiro, trabalhava nas minhas obras.

Aos poucos fui completando meu treinamento de voo e não demorou muito tornei-me um piloto privado, em seguida comercial e em poucos meses, instrutor no Aeroclube. A partir daí, além de nos encontrarmos para conversar no aeroclube, sempre que era possível voávamos juntos, nos aviões do aeroclube, ou nos particulares quando surgiam as oportunidades.

Meu objetivo era fazer o curso de piloto agrícola, depois de completar o número de horas. Em 1984, tirei a carteira de piloto agrícola, o Nardo já voava agrícola em Ponta Grossa no Paraná, na mesma empresa há algum tempo. Naquela época as safras de verão normalmente duravam de quatro a cinco meses e as de trigo, no meio do ano, em torno de três meses.

Fui fazer a primeira safra no verão, entre novembro de 1984 e abril de 85, em um pequeno avião adaptado para os voos de pulverizações, um PA18, no Matogrosso na região de Campo Grande e o Nardo foi para o Paraná, para a empresa que já trabalha. Aquela safra terminou no meio do mês de abril de 1985. Depois disso cada um voltou para sua rotina, um para a oficina e os voos esporádicos e o outro como instrutor freelance no Aeroclube, sempre nos encontrando e mantendo contato.

Os meses passaram-se rápidos e novamente a outra safra de Verão estava chegando. Eu queria mudar para uma empresa melhor. O amigo Nardo se prontificou em ajudar e me indicou na sua empresa. E assim graças a sua indicação, fui contratado para voar no Matogrosso.

Voei alguns meses em Ponta Grossa no Paraná, antes de levar o avião para Maracaju MS, onde fiquei trabalhando até o final daquela safra e depois levei o avião de volta para o Paraná. Aquela base no Matogrosso iria ser desativada. Para continuar atendendo os clientes para a safra seguinte, a outra empresa me contratou para continuar trabalhando naquela região.

E assim trabalhei por alguns anos e depois mudei para outras empresas e outros estados do país. Os anos foram passando, continuamos trabalhando, cada um nos seus empregos. A empresa do Paraná acabou fechando e o Nardo parou de voar agrícola, mas continuou voando nos aviões particulares e também voou como instrutor no Aeroclube por algum tempo. Eu mantive a rotina dos voos na agrícola nas safras de verão e no aeroclube nas entre safras.

Em 1999, comecei trabalhar na região do Vale do Ribeira, pulverizando os bananais. O trabalho ali era bem diferente, as lavouras eram plantadas nos vales e nas encostas, rodeados de montanhas, era um tipo de voo mais arriscado, do que nas outras regiões do país, em que estávamos acostumados.

Depois de um ano trabalhando eu já estava bem adaptado com o relevo e gostando do estilo daqueles voos. O Nardo fazia muito tempo que tinha interesse naquela região, das vezes em que teve a oportunidade de trabalhar por lá, alguns pilotos conhecidos, por medo da concorrência o desestimulou.

Tem muitos pilotos inseguros, que além de ser maus profissionais, tem uma índole duvidosa, então tentam manter seus empregos na base do boicote ou da deslealdade, falando mal das empresas ou da região para os pilotos e desses para as empresas, tentando assim afastar a concorrência.

Mas como o bem sempre vence, um certo dia a empresa manifestou a intenção de contratar outro piloto, imediatamente avisei 1eu amigo, sabendo do seu interesse em trabalhar naquela região, perguntei se queria que eu o indicasse.

14 anos depois, que ele me indicou para voar agrícola na sua empresa, eu o indiquei para voar na empresa que eu trabalhava. O Nardo começou a trabalhar na empresa em 2000, em várias ocasiões, declarou que voando ali, estava realizando um sonho há muito tempo esperado. Voamos e nos divertimos juntos, por muitos anos, como não podia deixar de ser, também foram criados laços entre nossas famílias, que ajudou perpetuar ainda mais a  nossa amizade.     

 

 

Xico Pereira

07/04/2023


Retirado do texto Voando no Oeste Paranaense

 

O susto

 

            Quando o piloto está fazendo um trabalho de pulverização em uma lavoura, além de toda a atenção que deve ser dispensada, para o contexto geral, fica condicionado a prestar atenção nos pormenores, para cada posição em que a aeronave se encontra, desde o momento em que se aproxima da área de trabalho, descendo, enquadrando o eixo do tiro, passando baixo sobre a área, até o final na saída, Uma situação que exige atenção especifica para os determinados alvos, conforme evolui na manobra.

         Na saída do tiro levantei o nariz do avião, para estabelecer uma subida rápida, até alcançar uma altura segura. Naquela velocidade que ele saiu do tiro, com uma pequena pressão para trás no manche, subiu rápido. Enquanto mantinha a reta e a subida, aproveitei para dar uma rápida olhada para o painel, para confirmar se os instrumentos indicavam alguma anormalidade. Aquela era a posição e o momento ideal, para a checagem daqueles indicadores no painel, naquele instante senti que a velocidade diminuiu um pouco, situação normal, pois estava com o nariz alto, aliviei a pressão no manche, para abaixar o nariz e não perder muito a velocidade.

           Naquele instante olhando para a frente, enquanto abaixava o nariz, lá fora percebi que um objeto se aproximava rápido, um pouco abaixo do avião. Demorei alguns segundos para assimilar aquela imagem, rapidamente procurei na memória, o que poderia ser ou estar naquela altura, ali na frente. Rapidamente conclui que poderia ser uma torre com antena de televisão. Naquela região havia muitas delas. Meu tempo de reação puxando o manche foi rápido, mas não o suficiente para evitar a colisão.

         Estava muito próximo, por instinto apenas abaixei a cabeça,  deixando o capacete virado para o para-brisa. Nesse momento, senti que bati forte em alguma coisa, o avião tremeu todo, como se fosse um carro passando em alta velocidade, por uma estrada esburacada. Na sequencia, ouvi o barulho  da hélice cortando alguma coisa metálica, nesse instante percebi que o para-brisa  se quebrou e um vento muito forte começou entrar, junto com ele algumas coisas começaram bater no capacete, continuei de cabaça abaixada, conseguia apenas olhar de lado.

        Pelo canto da janela, via que não estava muito alto em torno, de trinta metros do chão, senti que a velocidade diminuiu muito, como se o avião estivesse sendo freado, o motor começou fazer um barulho mais forte, como se esforçava para continuar voando.

Seu nariz começou afundar, querendo ir em direção ao solo e eu continuava sem poder levantar a cabeça, por causa do barulho de uma ponta solta de uma fita metálica, que insistia em bater no capacete através da abertura do para-brisa quebrado, O nariz continuava abaixar cada vez mais e eu já estava com o manche,  todo puxado para trás, colado no peito, mas alguma coisa puxava para baixo.

        Aquele dilema durou alguns segundos, até que de repente ele reagiu. Escapou daquilo que prendia e deu um pulo para cima, entrando em uma curva de grande inclinação, pela esquerda. Com o susto levantei  a cabeça, comandei o manche todo ao contrário e empurrando para frente, para sair daquela curva e daquela subida quase na vertical. Para a minha sorte com aquela manobra, a fita metálica se desprendeu totalmente e desapareceu.

      Ficou apenas o vento forte quase sufocante, batendo no rosto e o barulho misturado com o do motor. Com o avião controlado, comecei tentar avaliar os danos e decidi que teria que voltar urgentemente para a pista. Com aquela batida, com certeza havia avariado, além da hélice, mais alguma coisa. Os instrumentos do painel passavam a impressão, de terem duplicados, tal era a vibração e não era um bom sinal.

 

O pouso quase direto

 

        Aquele Ipanema 201, era equipado com um motor de trezentos HP, é muito robusto e voava muito bem, mais parecia um trator voador, tinha muita força, conseguia decolar tranquilamente daquela pista com o hopper cheio ao máximo, seiscentos e oitenta litros. Com o avião nivelado e vibrando muito, eu estava conseguindo manter o voo, os controles estavam normais e obedeciam aos comandos sem alteração, mas eu sabia que a qualquer momento, a hélice poderia soltar um pedaço. Depois que levantei a cabeça, para ficar na posição normal no banco, senti que no encosto, tinham vários pedaços de matais pontiagudos, fincados, conclui que a hélice havia cortado e jogados para cima do para-brisa.

          A pista já estava bem próxima, a menos de um minuto, a ansiedade para cegar logo e pousar era muito grande, continuava vibrando forte, com a pista a frente, faltava pouco para sair daquele sufoco, poucos segundos depois, já na reta final, a pista estava a menos de um quilometro, bastava manter aquela atitude, pousar e acabar com tudo aquilo. Mas tinha um problema, com a ansiedade em alta, estava em alta também a velocidade de aproximação, naquelas condições o risco varar a pista e quebrar, era muito grande.

        Depois de um tremendo esforço de auto convencimento, para usar o bom senso, muito a contra gosto, desviei para a direita, com uma pequena curva, sai da reta final para pousar daquela cabeceira mais próxima e segui voando na perna do vento ao lado direito da pista mantendo altura, para pousar na cabeceira oposta, foi uma eternidade de dois minutos, para enfim estar novamente na curta final, da cabeceira oposta.

          Naquele momento em meus pensamentos, surgiram mais questionamentos, sobre quais avarias poderia ter sofrido além da hélice, o trem de pouso seria um deles, conclui, ele deveria ter batido forte na provável torre e estaria avariado, o quanto, eu iria descobrir em segundos. O avião passou pela cabeceira da pista, em uma altura padrão para o pouso, com a velocidade bem controlada, acionei o flap para poder diminuir ao máximo a velocidade, antes de tocar no solo, se o trem de pouso estivesse com avarias, um toc suave no solo, amenizaria os estragos.

          Continuou flutuando e descendo suavemente sobre a pista, com a velocidade diminuindo cada vez mais, inclinei um pouco a asa esquerda para sentir se o trem daquele lado estava lá, a roda deu um pequeno toque no solo e subiu um pouco, nesse momento fiquei mais aliviado, agora era a vez do lado direito, inclinei a asa direita e deixei ir baixando bem devagar, até sentir o toque no solo, mas estava demorando mais do que o esperado. Continuava flutuando, já havia percorrido mais da metade da pista e não tocava no solo, a aflição era muito grande, se o trem de pouso daquele lado, estivesse avariado, iria encostar a asa daquele lado no chão e rodar no meio da pista, talvez não estragasse muito.

       Mas aquela aflição não durou muito, aquele lado enfim tocou firme no solo, em seguida também o outro lado, depois disso o avião começou correr suave no eixo da pista, enquanto ainda tinha uma certa velocidade, corria firme em direção a outra cabeceira. Eu fui ficando mais aliviado e fazendo planos, tentando imaginar as avarias, e concluindo se não tivesse algum estrago mais grave, que impedisse prosseguir o voo, ajeitaria o que fosse necessário e decolaria em seguida para terminar aquela área.

          Nem bem conclui meus pensamentos, ainda se deslocava com velocidade, quando de repente, abaixou a asa direita bruscamente, quase encostando no chão, e engrenou para a direita, em direção a lateral da pista. Na sequencia o trem de pouso bateu naquele barranco, que eu havia pedido para rebaixar, dias atrás. Após a batida começou levantar a cauda e abaixar o nariz, aparentemente os trens haviam se quebrado e a hélice bateu, parou e saiu escorregando em cima da lavoura de soja.

           Eu ali dentro da cabine, com o manche colado no peito e afirmando os pés nos pedais, esperando um impacto, aquele nariz não parava de afundar, dava a impressão que ele iria virar de ponta cabeça, ele continuava deslizando sem parar, em cima daquele tapete verde, não acreditei que aquilo estava acontecendo, depois todo aquele trabalho que deu, para chegar até pista e por ele intacto no chão. Finalmente depois de algum tempo se arrastando e com o nariz quase todo coberto pelas folhas de soja parou. Pelo tempo que ficou deslizando, imaginei ter aberto uma estrada, de muitas dezenas de metros lavoura adentro, mas fiquei surpreso quando desci e me afastei para longe, o avião tinha se deslocado apenas em torno de trinta metros, mal havia se afastado da lateral da pista.

          Por causa da batida no barranco na lateral da pista, o avião estragou muito mais, do que a batida na antena. Arrancou os dois trens de pouso, bateu forte a hélice e o motor no chão, quando ele tocou na pista e perdeu sustentação e o peso normal, foi para os trens de pouso. Com a batida na antena o direito ficou avariado e não resistiu o peso, ele engrenou para a direita. Sem o barranco, ele iria parar em poucos metros na lateral, no meio da soja.

A antena

 

          Aquela antena estava em torno de duzentos metros, afastada do final da área, em que eu estava trabalhando, ela tinha trinta metros de altura, em seu topo havia um cano dois metros de comprimento, de três quartos de polegadas de diâmetro, na ponta havia uma antena de tv, conhecida como, escama de peixe. Ela tinha várias barrinhas de alumínio, naquele no formato.

         No momento do impacto, a hélice bateu na antena e triturou os canos de alumínio, juntamente com o cano de ferro e jogou tudo para cima do para-brisa, que quebrou-se e abriu um buraco na parte mais baixa, o trem de pouso bateu na torre da antena. Era uma estrutura triangular, de cantoneira de ferro de uma polegada, com trinta metros de altura e era sustentada por estais, cabos de aços esticados do chão até encima, nos quatros lados tinham vários desses esticadores.

        Depois da batida um dos trem de pouso, enroscou em um dos estais e começou puxar a antena, o avião preso pelo cabo, começou perder velocidade e a ser puxado para baixo, levando junto com ele a antena. Em um dado momento o cabo soltou-se, antes que os dois chegassem ao chão, o avião conseguiu se manter no ar, a antena não.

        Todos os cabos se romperam com a força do avião e ela desabou sobre uma casa que havia ao lado, sem ferir ninguém apenas assustou os moradores, menos uma senhora que lavava roupa nos fundos da casa. Quando a equipe chegou para verificar se estava tudo bem, ela disse que estava muito brava com aquela brincadeira que o piloto havia feito, por causa da sujeira que havia caído na roupa limpa do varal....

 

 

01/05/23

 


Decolagem de uma pista curta com morro a frente

Registro banana 2010

Registro Banaer 2008

Registro banana 2009

Cajati  banana 2007

Biguá 2011 banana

Sorocaba Avião Paulistinha CAP4  em 2023

voando Cesna 150  em 2023

Retirado do texto: A vida de um piloto agrícola

 

As primeiras informações

 

No início da formação, quando o piloto tem os primeiros contatos com a aviação e inicia as suas primeiras aulas de voo, começa receber informações na prática, dos tipos de trabalho que poderá realizar. Depois que cumprir todas as etapas e estiver com todas as carteiras, terá condições de decidir qual o melhor ramo a seguir. Existem muitas informações, na literatura e nas redes sociais, muitas histórias contadas, que não dão a verdadeira dimensão do trabalho de um piloto profissional. Apenas quando o piloto começa ter vivencia, no meio aeronáutico, através dos contatos com outros profissionais e das escolas de aviação, principalmente dos Aeroclubes, vai saber qual é área, dentro das várias carreiras, que servirá para o seu perfil. 

Para seguir a carreira de piloto agrícola, candidato deve ter em mente, que o ambiente de trabalho será sempre nas áreas rurais, longe dos grandes centros, em fazendas distantes de cidades, muitas delas, sem um mínimo conforto costumeiro das cidades. Como toda a profissão, para ter sucesso na carreira, deverá aprender gostar muito do que irá fazer, não basta apenas saber e gostar muito de voar. Tem que estar perdidamente apaixonado por cada pé de planta. E saber que haverá muitas: viagens de carro em estradas empoeiradas ou enlameadas, poeira ou barro nas pistas, avião que não “pega”, dias perdidos em baixo da asa, noites mal dormidas, em alojamentos, geralmente comunitários.

O convívio diário por meses a fio, será somente com pessoas ligadas com a agricultura e as conversas serão relacionadas com os assuntos do campo, nesse quesito, será um meio totalmente estranho, para a maioria dos pilotos. Parece obvio, mas por não levar esses fatores em consideração, quando escolhem essa área para atuar, muitos desses profissionais desistem nos primeiros anos, por não se adaptarem com a realidade da profissão.

O piloto deverá saber, que os aviões que irá voar no Brasil, são todos convencionais, então, deverá voar o maior número de horas possíveis nesses modelos, antes de começar fazer o curso de agrícola, para sua maior segurança e conseguir se adaptar mais rapidamente, com o equipamento e os estilos de voo.

 No Brasil existem várias regiões para o piloto agrícola atuar. As regiões mais planas, são as que predominam e estão localizadas mais para o interior do país, em quase todos os estados. As lavouras são maiores, sem muitos obstáculos com uma boa topografia, as terras são todas mecanizadas, em sua grande maioria são lavouras que produzem grãos. Normalmente longe dos grandes centros, são grandes fazendas agrícolas. Nessas áreas, os aviões são extremamente necessários e muito utilizados, cada um pode pulverizar, vários milhares de mil hectares por safra. O piloto fica alojado nas fazendas ou proximidades, dos locais de trabalho, durante os meses da safra, que compreende entre os meses de outubro a abril do ano seguinte, tendo poucos dias de folga para afastar-se dali nesse período.

Em fazendas que possuem aviões, mesmo fora a época da safra, como são funcionários, os pilotos cumprem as jornadas de trabalho diário, entrando e saindo nos horários determinados, com marcação em cartão de ponto, conforme o combinado. Às vezes nesses períodos seus serviços são requisitados, para fazer voos em outras aeronaves.

Existem as empresas aviação agrícolas, que apenas prestam de serviços, nesses casos, nas entre safras, os pilotos são dispensados e voltam apenas na safra seguinte, ou a jornada de trabalho na entre safra, na empresa é mais flexível.

   As lavouras em regiões onde a topografia é mais acidentada, são pequenas fazendas com áreas de lavouras menores, normalmente localizadas, no interior dos estados mais ao sul. Nas faixas litorâneas são cultivadas bananas entre outras culturas. Para voar nessas regiões, principalmente, nas áreas de banana, as jornadas de trabalho variam muito devido ao clima, mas o piloto fica à disposição, todos os dias o ano inteiro. Para voar nesses terrenos mais acidentados, é aconselhável, o piloto já ter voado algumas safras, em áreas mais planas.

 

01/08/2023

Algumas áreas de lavoura de banana nos morros no Vale do Ribeira.

Uma vida sobre a Mata

 

Vinte anos voando baixo sobre a mata Atlântica, no Vale do Ribeira e a natureza na região continuou maravilhosa, expendida, de encher os olhos. Com o verde exuberante das árvores, os rios com as águas cristalinas, bandos dos diferentes tipos de pássaros, voando de um lado para outro, até os insetos nunca diminuíram. Foram muitos anos passados ali, voando rente daquelas copas, indo e voltando com meu avião, sobrevoando sobre tudo aquilo.

Passei conhecer bem, cada morrinho lá embaixo, até os pés de ipê que com o tempo diminuíram um pouco, mas sempre se mostravam. De longe, aquele buquê amarelo chamava a atenção, parecia querer presentear com sua beleza, destacando-se no meio daquele verde, quase infinito e o manacá da serra, então! Conhecido pelos nativos da região, como Jacatirão, com suas flores abundantes multicoloridas, que variam do lilás ao branco, passando a sensação de estar sempre em festa. Eu passava sempre bem baixinho, sobre a mata, apenas para poder apreciar mais de perto, aquele lindo e deslumbrante visual colorido.

Quanto a lógica e a harmonia do lugar, não entramos em nenhum acordo, mas acredito que a natureza, nos aturou por todos esses anos, porque foi com a nossa cara e também, nós nos comportamos bem, procuramos não a incomodar mais que o necessário.

O avião, meu velho e fiel companheiro de todos esses anos, não me decepcionou, voou milhares de horas, direitinho sobre tudo aquilo e nunca teve a intenção de agredi-las, com um pouso forçado qualquer, sobre suas copas.

E assim a lógica e a fé prevaleceram. Hoje aposentado, não sobrevoo mais aquele paraíso, mas tenho muitas saudades daquele visual. Continuo sendo um grande admirador daquele lugar, sigo contemplando e torcendo a distância, para que preservem aquele santuário e nunca mudem ou estraguem nada.

As imagens dos voos, nos mergulhos naquelas grotas, com as saídas apenas de um lado. As subidas quase a pique, para vencer os morros, com o motor do avião urrando alto. Os contornos nos bananais no alto das serras. As lavouras minúsculas, que mais pareciam uma moita, bem no cocuruto do morro. Todas essas coisas, ainda estão muito vivas na minha memória.

De vez em quando uso um pouco da imaginação e sobrevoo aqueles lugares, com a ajuda da tecnologia e das centenas de fotos que tirei, mato um pouco da saudade. Vivo agradecido a Deus por estar aqui contando tudo, tendo a sensação do dever cumprido. Estou muito feliz por ter realizado tudo isso, também por ter conhecido e convivido com toda aquela boa gente da região.  

02/08/2023

Manacá da serra / Jacatirão

Ipê amarelo

OS PILOTOS E SUAS MAQUINAS

 

Aconteceu na década de 80 em Dourados MS, no final de uma safra de soja. Eram em cinco pilotos na empresa, dois eram proprietários, e três recém contratados. O Aruom havia começado voar, em outubro do ano anterior, os outros dois, o Noel Nagato e o Luizinho Viena alguns meses antes, todos já haviam voado bastante naquela safra. A maioria das lavouras de soja da região, estava chegando no final do ciclo, algumas, já sendo colhidas. Restavam apenas poucas fazendas, com partes de suas áreas ainda com folhas verdes, que requeriam o uso dos aviões, para pulverização.

Os três pilotos contratados, ficavam em um apartamento, que a empresa havia alugado e transformado em alojamento. Com o serviço escasso, sempre sobrava tempo, para participar de reuniões, churrascos, festas e tudo o mais.

Certa vez, um amigo de outra empresa, conhecido por Tonhão, foi ao apartamento, em uma sexta de madrugada, convida-los para irem a uma festa. Depois de muita insistência, os convenceu, saírem da cama e foram. Quando chegaram no lugar da tal festa, ficaram surpresos.

Ele havia alugado, um pequeno bar, no centro da cidade. Na entrada daquele barzinho tinha uma forte luz em neon, juntamente com a música, chamava bastante atenção, de quem passava na avenida, era bem frequentado e normalmente ficava cheio aos finais de semana. Disse que o lugar era seu, por três dias. Se propôs pagar bebidas para todos, durante a locação.

Como era solteiro e tinha ganhado um bom dinheiro naqueles meses, resolveu investir uma parte do capital, em diversão, é claro que o investimento a fundo perdido, passou, e muito, do esperado, mas não se importou, bancou tudo sem arrependimento.

O detalhe curioso, era que naquele momento, o bar estava totalmente vazio, estavam apenas as atendentes que trabalhavam na casa.

No dia anterior, o Tonhão, havia estado ali e ficou estressado, com alguns frequentadores do lugar, porque maltratavam, duas lindas Suecas. Elas estavam quietas, em um canto, talvez fora de serviço, por algum problema. Eles agrediam as pobres coitadas, com socos e ponta pés, porque não conseguiam brincar com elas, por ficarem paradas e não responder aos seus comandos. A proprietária que era uma mulher alta bonita, elegante, descendente de alemã, com os atributos generosos, estava sempre de olho no movimento e comandava firme o local. Ficou indignada com os agressores e os colocou para fora, do estabelecimento aos pescoções.

Como naquela noite o Tonhão, já havia tomado algumas. Chamou a dona do boteco e pensando que ela não aceitaria, fez a seguinte proposta: Pagaria a vista, o valor estimado do movimento, por três dias.

Ele sempre sonhou com aquela situação. Havia prometido para si mesmo, que um dia colocaria em prática. Ficaria sozinho em um recinto como aquele, com todas aquelas maquinas, bebendo, apreciando, se divertindo e usufruindo da companhia, daquelas belezas. Elas estavam espalhadas por todos os cantos do salão, cada uma mais linda doque a outra.

Até aquelas já que tinha uma idade, um pouco mais avançada e com um aparente degaste pelo tempo na lida, não eram de se desprezar, cumpriam direitinho sua função, divertiam o freguês até melhor, do que as mais novas

De repente a casa esvaziou-se e ele viu seu desejo sendo realizado. Então, resolveu usar e abusar ao máximo, ao seu bel prazer, aquelas coisinhas deliciosas e maravilhosas, até quando não que parasse mais em pé. Eram muito bonitas e chamavam a atenção de qualquer um, todas bem organizadas e arrumadinhas, só para ele. Algumas eram originais de fabrica e estavam do jeito que vieram ao mundo, sem nenhuma roupagem, adereço ou ornamento, tudo lindamente a amostra.

Elas eram de várias nacionalidades, cada uma mais interessante do que a outra: Tinha a Holandesa, era a mais nova, um espetáculo! A Italiana era grande robusta, mas versátil! Uma Chinesa, bem pequena, porém, ágil! Parecia franzina, mas deixava o sujeito esgotado. A Espanhola, difícil de lidar, fazia o sujeito suar, mas rapidamente, pegava-se o jeito. Tinha uma Americana, tinha as pernas compridas, era um show à parte. E uma Suíça, então! Até falava com o freguês! O problema, que eram vários idiomas, ao mesmo tempo, não dava para entender nada.

O Tonhão a princípio, pensou que seria uma ideia maravilhosa, ter apenas para si, todas aquelas belas beldades, com formas e curvas perfeitas, que pareciam terem sido feitas a mão. Mas depois de algumas horas, brincando sozinho com todas quase ao mesmo tempo. Apalpando, acariciando aqui e apertando ali, colocando a mão em tudo, sentindo cada detalhe nas pontas dos dedos. Mas sem a companhia de amigos, para comentar e compartilhar os detalhes. Percebeu que fazer aquelas coisas, sem mais ninguém por perto, para ajudar comemorar, quando uma brincadeira estava animada e realizava uma performance ousada ou quando conseguia bater algum Record, não tinha graça.

Por algum tempo, os três ficaram ali na porta parados, ainda sonolentos, vendo todas aquelas preciosidades, uma com mais brilho e mais vistosa do que a outra. Apesar da hora, mas diante da insistência do amigo. Já que estavam ali... A princípio sem muito entusiasmo, cada um escolheu uma para brincar. Começaram acariciar as formas e apreciar aquelas verdadeiras obras de arte. Em pouco tempo, todos já estavam à vontade e divertindo, pareciam crianças em um parque de diversão.

E assim, quando o dia amanheceu, voltaram para casa exaustos, mas felizes, porque, há muito não brincavam tanto, com belezuras, como aquelas. O piloto Tonhão apesar de cansado, ainda voltaria lá, para brincar e aproveitar mais, até o final da locação.

Antes de se despedirem ele confessou, que desde muito pequeno tinha uma verdadeira loucura, para ter a sua disposição, brinquedos tão interessantes e agradáveis, como aqueles, mas nunca teve oportunidade e dinheiro, para realizar tal proeza e daquela forma.

Naquele bar ele realizou seu sonho de criança e conseguiu fazer os três amigos felizes, que com certeza jamais esquecerão do gesto do amigo, em tê-los convidado para uma festa tão diferente e prazerosa.

  A coleção particular de vários tipos, daquelas maquinas de Pinball e Pebolim de mesa, naquele bar, era raríssima. É o sonho de consumo de muitos colecionadores. Eram mais de vinte maquinas, quase todas importadas, todas originais e muito bem conservadas. A proprietária tinha muito orgulho, daquilo tudo e fazia questão de mantê-las impecáveis.

 

Pensaram que eram o que??

 

FIM  

 


  Pedra frontispício da Capela de São Tiago

 

  São Tiago, também conhecido como Tiago Maior, Tiago apostolo e em Países como a Espanha, na qual ele pregou muito a obra de Cristo, é conhecido como São Tiago de Compostela.

Ele foi um soldado, que se converteu ao cristianismo e passou a seguir Jesus em suas peregrinações, mas nunca deixou de ser considerado um guerreiro, mesmo depois de santificado. É considerado Santo protetor dos peregrinos e soldados.

   Em 1789 em São Luís MA, José Salgado de Sá Moscoso mandou construir no antigo largo de São Tiago, uma capela e mais dependências, em homenagem ao santo. Depois conservar a capela e suas dependências por muitos anos, a família não conseguindo mais manter o patrimônio, em 1854 doou para um frei capuchino. Entre outras coisas, o local foi por muitos anos transformado em hospício, até ser abandonado. Em 1876, a família através da justiça, conseguiu de volta e mandou demolir, para ali instalar uma fábrica de sabão.

     O detalhe curioso era que, assim como os proprietários, os trabalhadores que iriam demolir tudo, eram da comunidade e descendentes dos que construíram e todos também devotos do Santo.

        Existia uma superstição muito forte em torno daquele Santo, muitos acreditavam que ele também era vingativo, ajudava quem por ele pedia, mas se fizesse qualquer coisa que o desgostasse, ele perseguia e castigava duramente. E assim antes de começar a demolição da capela, os trabalhadores subiram até a pedra do frontispício e quebraram a cabeça do anjo, para que ele não visse e entregasse quem estava destruindo os domínios do santo, cortaram a cabeça do Santo para ele não ir atrás de ninguém, por garantia e por último, quebraram as patas e a cabeça do cavalo, no qual ele estava montado, assim o animal não poderia  ajudar na perseguição.

       A capela foi demolida e não se sabe se houve vitima por parte do santo, mas a fábrica de sabão não prosperou e a superstição continuou, dizem que por muito tempo, tudo que foi construído no local, não se desenvolveu.

 

    Observação!

    Esse é um resumo das histórias ouvidas e lidas nos descritivos dentro do museu, acrescida dos comentários do guia local. Sem a pretensão de precisar fatos ou datas históricas.

 

01/01/2023

                     Encerrei a carreira (apenas) de Piloto agrícola

 

 

Parei de trabalhar com avião agrícola, mas não de voar e de sonhar. O céu sempre será o meu limite.

Foram muitas horas de voo, muito tempo de nacele (cabine), dia após dia, sentado no banco de um avião agrícola, fazendo o que escolhi como profissão.

Ficando longe de casa e da família, em lugares afastados de tudo, nas fazendas distantes de qualquer cidade, por meses a fio. Tendo muitos aborrecimentos, durante os trabalhos. Passando noites mal dormidas, em camas desconfortáveis. Voando com tempo duvidoso, voando sobre áreas ruins em terrenos acidentados e operando em pistas curtas. Passando dias inteiros perdidos, em volta do avião sem poder voar, por conta do mal tempo, ou por algum problema qualquer e estes... não faltaram. Muitas panes sofridas, algumas graves e outras nem tanto. Alguns pousos forçados, fora de pista, por pane ou tempo fechado. Operações de pouso e decolagem, em estradas movimentadas, pousando e decolando entre os veículos. Em algumas regiões era comuns, essas a operações, mas não deixavam de ser estressantes.

Mas houve a contra partida e aí que tornou toda essa vida interessante. Teve muito amanhecer de encher os olhos, com revoadas de pássaros, avisando que mais um dia de vida, cheio de boas expectativas, estava iniciando. E aqueles pores do sol, de tirar o fôlego, que o sujeito fica parado sem saber o que pensar, apenas olha e admira, até o ultimo clarão sumir no horizonte, deixando a grata sensação de satisfação, por ter vivido mais um dia.

Como voo agrícola é todo realizado a baixa altura, sobre matas e plantações. O contato com a natureza, é bem próximo o tempo todo. Sinto-me um privilegiado, de ter podido observar essas coisas, que apenas quem está acostumado voar a baixa altura, consegue ver e admirar. Cachoeiras escondidas em lugares distantes. Encostas de pedras em forma de painéis, arte esculpida pela natureza. Vales profundos inexplorados com suas belezas escondidas. Cume de montanhas íngremes, muitos deles, provavelmente inexplorados. Arvores e plantas rasteiras de todo tipo, floridas e coloridas, como por exemplo: os ipês de todas as cores, destacando-se meio da mata e o manacá da serra ou Jacatirão, com suas flores, que na mesma árvore, nascem brancas e ficam lilás passando pelo rosa. Animais de todas as espécies, das diferentes regiões. A visão de um cervo enorme adulto, com seu característico chifre em forma de galhos, correndo assustado no meio da lavoura. Uma enorme quantidade de porcos do mato devorando uma roça de milho. Uma onça pintada, correndo assustada em campo aberto, para em seguida sumir na mata. Um bando de emas, aquelas aves enormes, que aqui e ali, passavam correndo, próximos do avião, durante esses voos baixos.

Apreciei tudo com muita satisfação. Observando atentamente cada detalhes, tendo plena consciência de que aqueles momentos eram únicos, mas tinha certeza que ficariam para sempre, gravados na memória.

 E o melhor, se tivesse escolha... Faria tudo exatamente igual.

Como na vida tudo tem um começo um meio e um fim. Eu já havia planejado a muito tempo, que este período ou fase da vida, teria um limite a ser respeitado. Sempre lembrando da nossa limitada condição humana, que os nossos sentidos e reflexos, vão nos deixando na mão com o passar dos anos.

Embora não perceba e não sinta ainda nada disso. Mas ao meu ver o bom senso deve que prevalecer. Somado tudo isso, as condições de voo, da região que tenho voado nos últimos vinte anos, lavouras de banana no Vale do Ribeira. Região montanhosa, de difícil acesso para entrar e sair, voando com segurança, e requer muita atenção nas manobras de pulverizações. Não querendo mudar de cultura ou região, onde os voos seriam mais tranquilos. Resolvi que já estava na hora de parar de voar profissionalmente, como piloto agrícola.

Foram exatos 35 anos, apenas como piloto agrícola, 40 anos no total até agora, mais de quinze mil de horas de voos, a maioria não computadas. Em torno de cinquenta mil pousos. Graças ao bom Deus, sem panes graves, sequelas ou traumas. Meu sonho era parar um dia, como estou parando, por uma relativa vontade própria, sem imposição drástica da vida e com exame médico válido. E assim o fiz.

Descobri que não é uma decisão fácil, por mais que se esteja preparado na hora H balança bastante, as dúvidas surgem, a vontade é de protelar mais um pouco, esperar uma outra oportunidade, sem contar com o lado financeiro que pesa bastante. Mas decisões foram feitas para serem tomadas.

Usei meu senso de aviador no final de um longo voo. Ajustei o rumo, corrigi a proa e mantive a rota que planejei, para um definitivo retorno para casa. Fiz uma descida suave, para o nível confortável de uma nova rotina. Girei para uma perna base normal, pensando nos que me esperavam. Entrei em uma longa e tranquila reta final, para um pouso completo no seio da família. Depois de um pouso “manteiga”, fui recebido com alegria, por aqueles que foram a razão de tudo isso. Parei no pátio, mas deixei o motor ligado. Quem sabe? Uma vez piloto sempre piloto.

Quero agradecer primeiramente a Deus, por ter permitido que eu chegasse muito mais longe, do eu imaginei que chegaria. Em segundo a minha família, sem o apoio dela talvez não tivesse chegado onde cheguei, e como cheguei, que é o mais importante. Especialmente minha esposa Eliana, que esperou com paciência, meus retornos durante tantos anos, devo muito a ela, por ter sido forte, passar por tudo sem reclamar e entender, coisa que não é fácil, para alguém que não é da aviação. Aos filhos Vinicius e Beatriz, quando ainda pequenos não entendiam minha ausência, mas pelo simples fato de existirem e festejando os meus retornos, deram força para continuar trabalhando. Finalmente aos amigos, alguns já se foram, mas todos foram muito importantes e deram muito apoio ao longo dessa jornada. 

 

Sorocaba, 30 de Novembro de 2019


Xico Pereira é assim que me conhecem

 

Ps: Aviso aos amigos indecisos, que se encontram na mesma situação, em que eu me encontrava há alguns anos atrás. Parar, ou não parar de voar? porque está chegando a hora! Eis uma situação difícil.

Os primeiros meses, não foram fáceis, as dúvidas vinham constantemente.” Será que eu não teria parada cedo demais?” Muitas vezes pensei em pegar o telefone e ligar pedindo o emprego de volta. Mas como havia planejado e me preparado por um bom tempo, aguentei firme e as coisas se acalmaram.

Hoje tudo está tranquilo, sempre que tenho vontade faço voos nos aviões do aeroclube ou de amigos, mudei o foco para outras atividades, consegui superar aquela fase do “hoje voar é preciso” e mudar para “hoje eu quero voar”.

O planejamento e a preparação em todos os sentidos, é fundamental.


O ASSUNTO a seguir é RELACIONADO COM AS BOAS PRÁTICAS NA AVIAÇÃO AGRÍCOLA.

 Voar seguro é dever de todo piloto.

Regras na aviação agrícola: garantindo a segurança e eficiência dos voos

Introdução: A aviação agrícola desempenha um papel fundamental na aplicação de defensivos agrícolas, sementes, fertilizantes em lavouras e combate a incêndio florestais. No entanto, para garantir a segurança e eficiência dessas operações, é essencial seguir um conjunto de regras e procedimentos.

Veremos aqui um pequeno apanhado, das principais regras na aviação agrícola, como elas contribuem para a segurança dos voos e na eficiência dos trabalhos realizados.

Tópicos principais:

1.  O piloto deve estar atento e ser extremamente profissional: priorizando a segurança em todas as etapas.

o     Mantendo a seriedade e o profissionalismo durante as operações

o     A aviação agrícola envolve o uso de aeronaves,  que exigem um alto nível de responsabilidade e seriedade por parte dos pilotos.

o    Brincadeiras ou comportamentos irresponsáveis podem colocar em risco a segurança dele e das pessoas em solo. É fundamental seguir todas as normas estabelecidas, para garantir a segurança durante as operações.

2.  Não correr risco desnecessário: priorizando a segurança em detrimento da pressa.

o    Evitando a pressa e tomando decisões conscientes.

o    A pressa e a pressão por cumprir prazos, podem levar a decisões precipitadas e colocar em risco a segurança dos voos.

o    É importante que os pilotos priorizem, tomando decisões conscientes e avaliando cuidadosamente as suas condições de voo como: funcionamento do avião de uma forma geral, clima, visibilidade, vento, condições da pista de pouso, da lavoura e o seu estado físico e mental.

o    Correr riscos desnecessários pode resultar em acidentes graves, com eles, em terceiros e prejuízos financeiros.

3.  Voar padrão: seguindo os procedimentos estabelecidos, para garantir a eficiência e segurança

o    A importância de seguir os procedimentos operacionais padrão

o    A aviação agrícola requer a adoção de procedimentos operacionais padrão para garantir a eficiência e segurança dos voos. Isso inclui seguir os planejamentos pré-determinados, manter altitudes adequadas, altura de voo ideal na pulverizações, respeitar os limites de velocidade e realizar as manobras de acordo com as normas estabelecidas.

o    Voar padrão é essencial para evitar colisões, garantir a precisão na aplicação dos defensivos agrícolas e minimizar os riscos envolvidos nas operações.

4.  Manter o foco: evitando distrações e mantendo a atenção durante os voos

o    A importância da concentração e atenção durante as operações

o    A aviação agrícola exige que os pilotos estejam constantemente atentos e concentrados durante os voos.

o    Distrações podem levar a erros de julgamento, principalmente durante as pulverizações, perda de controle da aeronave e acidentes.

o    É fundamental evitar distrações, como o uso de dispositivos eletrônicos ou conversas desnecessárias durante as operações. Manter o foco é essencial para garantir a segurança e eficiência dos voos agrícolas.

5.  Tomar cuidado com obstáculos: garantindo a segurança em relação a fios e outros obstáculos

o    A importância da identificação e evitação de obstáculos

o    Durante os voos, é fundamental tomar cuidado com obstáculos, como fios de eletricidade e outros elementos presentes nas lavouras.

o    A identificação prévia desses obstáculos, por meio de reconhecimento terrestre, é essencial para evitar colisões e garantir a segurança do voo e das pessoas em solo.

o    Tomar cuidado com obstáculos é uma medida preventiva importante na aviação agrícola.

Conclusão: A aviação agrícola é uma atividade que requer o cumprimento de regras e procedimentos para garantir a segurança e eficiência dos voos. Não brincar com a aeronave, não correr risco desnecessário, voar padrão, manter o foco e tomar cuidado com obstáculos são princípios fundamentais que devem ser seguidos pelos pilotos. Ao adotar essas regras, é possível garantir a segurança das operações e contribuir para o sucesso da aviação agrícola.

 


PALESTRAS SOBRE BOAS PRÁTICAS NA AVIAÇÃO AGRÍCOLA

Palestra  para a turma  do curso  de Piloto Agrícola do Aeroclube de Ponta Grossa  03-02-2023

Palestra para os alunos do curso de Piloto Agrícola  na EJ em Itápolis

Palestra para o alunos do curso de Piloto Agrícola na escola de Ibitinga 31-08-2023

Áreas de Banana                                                                                                                                                              Pista de pouso com 350 metros

Uma pista de pouso com 350 metros

A Importância da Aviação Agrícola para a Agricultura e o Agronegócio

                                    Um resumo da importância da aviação agrícola no Brasil

A aviação agrícola desempenha um papel fundamental na agricultura brasileira. Ela é responsável por aplicar defensivos agrícolas, fertilizantes e sementes em grandes áreas de cultivo, de forma rápida e eficiente. Essa técnica contribui para o aumento da produtividade e qualidade das safras, além de auxiliar no controle de pragas e doenças, é muito usada também para o combate a incêndios, ajudando preservar o meio ambiente.

A aviação agrícola permite a aplicação precisa e uniforme dos produtos, reduzindo o desperdício e garantindo uma melhor absorção pelos cultivos. Além disso, ela possibilita o acesso a áreas de difícil alcance por outros meios, como terrenos montanhosos ou regiões remotas e reduz o tempo envolvido nas pulverizações.

No Brasil, onde a agricultura é uma das principais atividades econômicas, a aviação agrícola desempenha um papel estratégico. Segundo dados da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), cerca de 30% da produção agrícola nacional depende do uso de defensivos agrícolas, sendo que aproximadamente 20% desses produtos são aplicados por meio da aviação agrícola.

A aviação agrícola também contribui para a redução do impacto ambiental, uma vez que permite a aplicação precisa dos produtos, evitando a contaminação de áreas não destinadas à pulverização. Além disso, o uso de aeronaves agrícolas pode ser mais sustentável do que outras formas de aplicação terrestre, pois reduz o número de pessoas envolvidas no manuseio e o tempo de exposição aos produtos químicos e evita   a compactação do solo e o consumo de água.

·         Resumo

1.  Aplicações da Aviação Agrícola na Agricultura

o    Aumento da eficiência e qualidade das aplicações de insumos

o    Combate a incêndios florestais e pragas

o    Facilitação da semeadura e proteção das plantações

2.  Contribuição da Aviação Agrícola para o Agronegócio

o    Redução de custos ao produtor

o    Aumento da produtividade e rentabilidade

o    Projeção positiva para o mercado do agronegócio brasileiro

 


Voando Navajo  de 1990 a 95

                       AEROCLUBE DE SOROCABA

 

                (Está pedindo ajuda POLÍTICA para não fechar)

 

         No mês de maio de 2022 o Aeroclube de Sorocaba completou 80 anos da sua fundação. Até hoje está lutando para sobreviver, ao descaso por parte das autoridades competentes, que tanto se beneficiaram com o prestigio que a entidade sempre teve, desde sua criação.

         O Aeroclube é e sempre foi uma entidade filantrópica, gerida por sócios diretores voluntários. Não foi criado para ter fins lucrativos e também nunca usou do dinheiro público, para se manter.

        Tudo que é tido como sobra, é revertido para as melhorias e as ampliações das instalações. Instalações estas que foram tomadas pelo poder público, ao meu ver injustamente. O clube está pagando um preço muito alto, por uma má administração anterior. No passado em várias ocasiões ocorreram situações parecidas, até com certa frequência, consideradas normais, para uma entidade que vive com recursos próprios, dependendo apenas de sócios contribuintes e alunos para sobreviver, mas nem por isso, houve qualquer intervenção dos órgãos públicos naqueles períodos. Que punam os culpados como sempre o fizeram e não a entidade, como estão fazendo agora, com despejo de todas as áreas e de sua sede principal, o hangar construído, com recursos doados pelos sócios, desde o início da fundação para sediar a escola de avião, como mostram as matérias a seguir.


     Manchetes do jornal cruzeiro do Sul no ano da fundação do Aeroclube de Sorocaba 

     23de abril de 1942  03 de maio de 1942   06de maio de 1942  07 de maio de 1942  08 de maio de 1942   09 de maio de 1942      

 

       E assim por alguns anos o aeroclube recebeu doações e associações de empresários e políticos com uma visão futurista, sabedores da importância daquele empreendimento para a o futuro da cidade, com isso consolidaram a ideia, de que não precisaria de um documento formal, para provar que as instalações do aeroclube como um todo, lhe pertencem por direito adquirido e pelas décadas de uso sem contestação.

      Nas décadas seguintes o aeroclube passou por diversas fases, algumas áureas outras nem tanto, na década de 50, houve um grande incêndio, que destruiu todo as aeronaves, mas o clube não demorou muito para conseguir aeronaves para voltar a voar, poucos anos depois voltou ter problemas e fechou as portas novamente, para vários meses depois voltar a funcionar, graças a alguns abnegados e apaixonados pelo avião.

    Em dezembro1983 um grande temporal destruiu o hangar, derrubando o seu teto, tesouras de vigas de madeira pesadas despencaram de sobre as aeronaves do aeroclube e mais algumas particulares, muitas das aeronaves ficaram totalmente destruídas, novamente o aeroclube quase fechou as portas, e mais uma vez, graças ao empenho dos sócios e empresários, em poucos meses o aeroclube voltou a funcionar, Inicialmente com um avião de instrução Cap4 paulistinha, depois um Citábria e assim por diante, aos poucos quase todos os aviões voltaram voar, e assim funcionou ano após ano.

     No biênio 1991 e 92 Aeroclube recebeu a faixa, do aeroclube que mais formou piloto no âmbito do SERAC 4 proporcionalmente a frota que tinha. Tinha no seu quadro mais de dezessete aeronaves, isso tudo prova que a aviação está ligada diretamente com a história de Sorocaba com seus altos e baixos, a tradição do tropeiríssimo e de conquistas pelos Sorocabanos se funde com a tradição das conquistas através do aeroclube pelos seus alunos que voam pelo mundo.

     O aeroclube sempre foi palco e janela para os interessados se projetar na política e na sociedade. O clube sempre foi usado, além dos alunos e pessoas simples, por pessoas importantes e influentes de Sorocaba. Sempre foi uma porta social de entrada e de saída da cidade. Políticos e empresários sócios, de todos os seguimentos utilizavam as aeronaves do clube, para o lazer e até mesmo para viagens de negócios, sendo sócios tinham esses direitos.

      Muitos deles possuíam aeronaves próprias e o custo das horas de voo, nas aeronaves do clube saiam mais em conta. Demonstrando assim a tradição do aeroclube em servir a população, vem de longe, além da grande importância, no emprego social. Sem mencionar o principal objetivo da criação do aeroclube, que nasceu para dar asas para o Brasil, formar cidadãos de bens dar-lhes uma disciplina diferenciada, que para um piloto é fundamental. A prova da importância e da capacitação dos pilotos formados nesse Clube, está nas companhias aéreas nacionais e internacionais, que tem em seus quadros centenas de excelentes comandantes de alto nível, formados pelo Aeroclube de Sorocaba.

 

Xico Pereira

16/04/2023


Retirado do livro "DO PARANÁ AO MATOGROSSO" No voo rasante

Do nascer ao pôr da lua


 

Acordar todos os dias de madrugada é uma constante, durante a safra. Como as condições atmosféricas são mais favoráveis ​​nas primeiras horas da manhã, os pilotos começam seu dia muito cedo para se preparar para o trabalho.

Uma verificação pré-voo antes de decolar, é fundamental para garantir que tudo esteja em perfeitas condições de voo e segurança.

No planejamento do voo, analisa as áreas que precisam ser pulverizadas. Ele também verifica as condições meteorológicas.

Tiros e balões, ao chegar na área de trabalho, o piloto realiza as passagens baixas, aplicando os defensivos agrícolas. Esses voos são chamados de "tiros" e no término dos tiros, para retornar são feitos os “balões”.

A comunicação de ser constante com a equipe no solo para coordenar as ações e garantir a eficiência e segurança das operações.

Na finalização do trabalho ao final do dia após o retorno para a base, realiza a limpeza e manutenção básica da aeronave e o check de abandono da aeronave.

 

Cuidando da cabeça

O convívio diário por meses a fio, será somente com pessoas ligadas a agricultura. As conversas serão relacionadas com os assuntos do campo. Será um meio totalmente estranho, para a maioria dos pilotos. Parece obvio, mas por não levar esses fatores em consideração, quando escolhem essa área para atuar, muitos desses profissionais desistem nos primeiros anos, por não se adaptarem com a realidade da profissão.

Os pilotos muitas vezes passam longos períodos nas fazendas em que estão trabalhando durante as safras. Isso pode significar ficar longe de casa e da família por semanas ou até meses. Essa distância pode causar saudade e solidão, especialmente quando o piloto está em áreas remotas ou isoladas.


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